Wednesday, February 28, 2007

Convocação

Não. Apesar do título essa bostagem não trará a tona a listagem dos jogadores brasileiros para o próximo vexam... digo amistoso da seleção. Porém trata-se de algo tão despropositado quanto.

Como é sabido, ficamos (nós do corpo editorial do Canhoto e Sinistro) encubidos de continuar a saga iniciada no bravo "Do Reno ao Guaíba". Pois bem, o pontapé inicial foi dado pelo ilustre Sancho com o título. O fiel leitor NEGÃO prontamente indicou seus préstimos e eu, precisamente há dois minutos enviei a versão preliminar da preliminar da preliminar do início do esboço do começo do limiar do livro ao insigne Sancho.

Assim sendo, convoco os leitores (se é que se pode falar no plural) deste blog a sugerirem passagens que devem estar presentes no livro. Toda ajuda é bem vinda, e mais do que isso, necessária.

Que comecemos os trabalhos, depois do cafezinho é claro. Abraços.

Friday, February 23, 2007

as Faxes do Sr. Orlando

Lembro-me de certa vez em que eu e o Marny (aquele que chafurdou na lama comigo certa vez, na praia, numa estória já relatada aqui) fomos convocados para uma reunião de emergência a ser realizada na casa de um dos membros da comissão permanente mantenedora da paróquia do Araguaia. Resumindo, ia ter cerva e carne assada.

Nossa missão era simples: assessorar o Sr. Orlando no que ele necessitasse. Em contraprestação, poderíamos comer e beber a vontade na boca livre.

Agimos de forma coerente com o cargo que nos confiaram, chegando alguns minutos antes para avaliar a situação e oferecer nosso labor. O anfitrião, porém, já tinha cuidado de tudo, nos restando apenas degustar as iguarias a serem servidas.

Como nem tudo é tão simples quanto parece, nesse caso, o ditado “na prática a teoria é outra”, criado por nosso insigne amigo Fábio, restou oportuno.

Constatamos a ausência de freezer no recinto. Nada que uma boa caixa térmica abastecida de gelo não resolva. Mas, neca de caixa térmica. “Será que a cerva ta sendo resfriada na geladeira?”, indagou Marny. Pude observar, valendo-me daquelas táticas militares de espionagem, quando a esposa do anfitrião abriu a geladeira retirando um suflê sórdido, de aparência questionável, que não havia birita.

A situação era tensa. Disfarçamos um pouco por ali, imaginando como seria o evento com churrasco seco, quando o Sr. Orlando nos convida para “molhar as palavras”. Esfregamos as mãos, suadas por ocasião da expectativa até então frustrada, e fomos acompanhar o bom senhor.

Nesse momento, cutuquei o Marny lhe mostrando uma cena bizarra. Uma tal cerveja Faxe, desconhecida até então, importada, de origem Belga. Ou dinamarquesa. Sei lá. Esse mero detalhe não era pior do que a técnica que a dita bebida estava sendo refrigerada. Latas de 500 ml (os famosos latões) esparramadas no tanque de lavar roupas, sob uma torneira aberta.

O anfitrião pegou uma para cada um de nós e propôs um brinde, ou seja, imediatamente minou nossa idéia de “rachar” em dois a cerva quente. Pra completar, nos serviu ainda alguns pedaços de lingüiça, daquelas cuja composição é 90% toucinho (graxa, banha) e o restante material orgânico indecifrável. E tava mal-passada ainda por cima. Tentamos utilizar o artifício da farinha, mas nem isso era capaz de enxugar a gordura exalada.

O movimento foi aumentando, nos possibilitando planejar uma fuga. Mas cumprimentando um e outro convidado, sempre tomando uma cervejinha e comendo o mencionado aperitivo, conseguimos, após uns 4 latões de Faxe cada um, debandar.

Não ficamos para a janta propriamente dita. Dava pra ter uma idéia de como seria a carne acompanhada da duvidosa torta da esposa do Sr. Orlando. Mas a ressaca que nos acometeu, juntamente com a péssima situação do sistema gastrintestinal nos rende até hoje boas (?) lembranças.

Não sei ao certo qual o efeito provocado em meu organismo, mas quando vejo um latão de qualquer cerva importada, minha discreta testa se franze.

Wednesday, February 14, 2007

notícias de Brás Ilha

Após uma turbulenta semana em que conhecemos mais uma forma de execução cruel inventada pelo homem (arrastamento/esfolamento humano pelo asfalto em vias públicas com veículo de via terrestre), o que se tem ouvido falar é em reforma na legislação penal. Muitos propõem a diminuição da maioridade penal de 18 para 16 anos. Outros questionam o “sistema social”. O consenso é que algo precisa mudar. A pragmática ministra Ellen Gracie, presidente do STF, afirma, porém, que um momento de emoção não é adequado para que se discuta uma reforma na lei. Momento de emoção? Todo dia tem “emoção”. Pode não ter arrastamento humano, mas emoção, da forma colocada pela ministra, tem de sobra. Vivemos em constante emoção, disse Gabeira. Joelmir Beting acrescentou que “sem emoção o Congresso não faz nada”.

Ressalvadas as “emoções”, recebi hoje um e-mail do sistema push do Senado Federal. Cadastrei-me para acompanhar o PEC (projeto de emenda à constituição) nº 52/2003, proposto pelo Senador Almeida Lima. Em suma, o projeto propõe reduzir em aproximadamente 1/3 o nº de Deputados Federais, reduzir o nº de senadores de 3 para apenas 2 por Estado e abolir os cargos inúteis de vice-presidente, vice-governador e vice-prefeito. O texto pode ser lido clicando em http://www.senado.gov.br/web/cegraf/pdf/26062003/16357.pdf.

O e-mail diz que o aludido projeto será apreciado pela Comissão de Constituição e Justiça. São diversos trâmites burocráticos até que um projeto efetivamente entre em vigor. Além disso, pode ganhar emendas, ficar desfigurado e não atingir os objetivos almejados, dentre os quais, banir bandidos na vida pública.

Esta emenda à Constituição é notoriamente utópica, considerando que os legisladores só olham para o próprio umbigo e tentaram, há pouco tempo, reajustar os próprios salários em quase 100%. Tal projeto, porém, não tem por escopo apenas acabar com o “emprego” de alguns. Representaria uma economia significativa de tempo, para a aprovação de novas Leis, e de dinheiro público, utilizado com gosto por parlamentares que mal dão as caras no congresso.

Quanto a reforma da legislação penal, ou a adequação do “sistema social”, em breve tudo isso deve esfriar, como tudo no Brasil. Estou certo que o máximo que a morte de João Hélio conseguiu foi dar seu nome a uma praça no subúrbio do Rio e uma ponta no Fantástico de domingo passado, na entrevista realizada com os pais do garoto. Nada mais. Como tantos Joões, Josés e Marias. Ou alguém se lembra de Gabriela do Prado Ribeiro?

Sunday, February 11, 2007

Apostas

Havia um bar, ainda há, perto da faculdade onde alguns estudantes afogavam suas diversas e geralmente procedentes mágoas. Certa vez um colega e mim lá estávamos tomando com calma algumas geladas. Aliás com tanta calma que lá ficamos das oito da noite às duas da madrugada.

Empapuçados de tanta birita fomos ainda matar um prensadão com duas salsichas, do tipo que agrada ao palato do editor-redator-repórter-sócio Sancho. Como de hábito, o lugar era de salubridade duvidosa, mas isso pouco importava. Pelo menos até a digestão ser levada a termo.

Chegando em casa, bêbados igual a dois gambás e começando a sentir os efeitos do prensadão, principalmente no que se refere a eructação e a flatulência, fomos assistir qualquer coisa na TV. Acontece que precisamente naquele dia estava passando a final do aberto de tênis feminino da Austrália... fato realmente importantíssimo em todas as esferas da conjuntura mundial.

Até aquele momento nunca havia visto um só jogo de tênis sequer. Aliás é este um esporte tão elitista que poucos, pouquíssimos aficcionados tem idéia de porque a pontuação é tão esdrúxula. Bom, começando o jogo meu amigo tomou logo o partido de uma das tenistas. Segundo ele, a tal tinha uma elegância típica dos grandes mestres e etc etc. Eu, pra não ficar por baixo tomei o partido da outra. E como não havia possibilidade de argumentar de maneira convincente, pois não entendo patavina daquilo, justifiquei minha escolha dizendo simplesmente que era a melhor. E que, se ele quizesse, eu apostava.

Geralmente apostávamos uma pia cheia de panelas, ou uma geral no banheiro. Mas desta vez, impelidos pelos eflúvios do álcool colocamos nossa aposta nos seguintes termos: aquele cuja escolhida perder terá que ir até o outro lado do corredor (que era grande) e tocar (as três da matina) a campainha da vizinha, apelidada de garota buchecha... mas de cueca! Por favor, veja atentamente o apelido da vizinha e não confunda com algo mais cacófono.

Enfim, era isso. Ir de cueca atrapalhar a vida da garota buchecha. Nunca torci com tamanha fervor. Seria desastroso cumprir os termos da nossa aposta. Cada ponto era comemorado com tanto entusiasmo que recebemos três notificações na reunião do condomínio daquele mês. Mas ao final do jogo, a tenista na qual eu havia apostado triunfou.

Meu amigo pagou a aposta com brilhantismo. Girando o calção no ar foi gritando até o outro lado e esmurrou a porta da menina. Quando se pôs a voltar rapidamente, um ímpetus maligno fez com que eu fechasse a porta e a trancasse.

Pelo olho mágico pude ver seu desespero voltando para a escadaria mais ou menos na mesma hora em que a referida abria a porta com a cara inchada. Não conseguia parar de rir. Não consiguo até hoje. Quinze minutos depois ele voltou pra casa, um pouco mais recomposto e dizendo calmamente: seu filho da p... espera só até você dormir.

Somos amigos até hoje. Dias atrás ele foi me visitar em floripa e fomos ao mesmo bar. Dessa vez sem apostas. A propósito, naquela noite e na semana subsequente dormi com a porta do quarto trancada.

Thursday, February 08, 2007

piratas

Piratas estão na moda. Na 7ª arte, o filme Piratas do Caribe já ganhou sua continuidade e os fãs estão ávidos pelo filme que deve fechar a trilogia. Tais piratas em nada se comparam com aqueles sanguinários pilhadores de outrora. Aqui são valentes, heróicos e sedutores. Mas e aí? Qual a melhor acepção para o termo “pirataria”?
No Brasil, no centro de qualquer cidade é possível ver ambulantes comercializando DVD’s e CD’s de filmes, músicas, softwares, jogos de vídeo game, etc. A dupla sertaneja Bruno e Marrone deve boa parte do seu sucesso a tais pirateiros que acabaram difundindo as músicas interpretadas pela esgamelada dupla. A polícia e seu mísero efetivo faz vista grossa.
Por falar em milícia, um grupo de policiais e ex-policiais se uniu a alguns dias e assumiu o comando de vários morros no Rio. Eles expulsavam traficantes, assumiam o comando do morro (?) e tributavam moradores e comerciantes da região com uma singela contribuição compulsória de proteção. Sem dúvida uma versão pirata da polícia que ainda por cima cobrava para oprimir os pobres favelados.
Em Minas, um causídico conseguiu um hábeas corpus para tirar da cadeia dois criminosos. Explica-se: hábeas corpus é um remédio jurídico previsto na lei brasileira, que permite ao juiz, por seu livre convencimento, determinar a soltura de quem se encontra preso. Indagado por outro advogado, que gostaria de obter a mesma medida para seus clientes, o juiz desconhecia o caso. Resumindo, piratearam uma decisão judicial para soltar bandidos, que acabou sendo prontamente cumprida.
Noutra situação cômica de pirataria, um grupo de negões tirou a camisa e passou tinta branca no corpo, tentando se passar pelo grupo Timbalada. Esses se deram mal e acabaram presos.
Pra concluir, manifesto meu descontentamento com um leitor do canhotoesinistro que preferiu não se identificar. Segundo ele, este blog não passa de uma cópia barata e mal-acabada de dois ilustres jornalistas brasileiros. Indago o leitor oculto: qual o sentido de piratear o que há de pior na imprensa brasileira?

Wednesday, February 07, 2007

tá falado

Fixei residência no famoso bairro da liberdade. Aquele que mais parece uma colônia japonesa. Perto há um templo budista, o museu da imigração japonesa, um jornal chinês e uma loja maçônica inútil. É tanto japonês que tenho convicção de que se eu procurar bem acho o sr. Myagui. Pois bem, existe um velho ditado oriental que diz: aquele que pouco ou nada fala vive mais e melhor; e meus novos vizinhos parecem levar a sério tal adágio.

No expoente cultural do ocidente, os antigos gregos através da escola platônica desenvolveram a maiêutica que, a grosso modo, traduz-se: diga o que quiser, mas não escreva nada. Levando a termo as duas máximas de tão admiradas culturas temos um resultado perturbador: não fale (do oriente) e não escreva (do ocidente). Em suma, não se expresse!

Acho as duas filosofias, nesse ponto, péssimas. Se assim fosse o próprio canhoto e sinistro perderia o propósito... pois é, pensando bem não seria tão mal. Mas enfim, talvez a combinação dessas máximas esclaressa melhor a primeira frase proferida na conferências das nações em desenvolvimento: trazemos conosco um silêncio muito parecido com a estupidez.

Mas afinal, no fim das contas tudo se resume à pequena estrofe do Millor: tudo o que eu digo, acreditem, teria mais solidez se ao invés de carioquinha eu fosse um sábio chinês.

Tuesday, February 06, 2007

Penúltimas

Recentemente passei em frente ao tribunal de contas de São Paulo. Pra quem não lembra é aquele que o juíz lalau superfaturou e embolsou uma quantia dantesca. A obra é faraônica, realmente digna de um superfaturamento. O lalau voltou pra casa. Isso pouco importa. A desgraça é saber que o dinheiro jamais voltará aos cofres públicos novamente.

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Gosto do blog do mino. Acho interessante visitar a página e ler em bom português suas opiniões. Algumas delas pouco importam, outras me alegram. Sua investida contra a tucanagem é bem interessante e melhor ainda é ler os comentários. É uma quantidade de asneira que beira o canhotoesinistro, pelo menos da parte das bostagens deste que vos fala, ou antes, vos escreve.

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O ex-prefeito de sampa, atual governador de São Paulo e futuro presidente da república (pra delírio dos que deliram) José Serra, após várias apresentações de contas rebuscadas e números dos contratos do metrô, lembrou-me em bom grau a definição de cínico dada por Oscar Wilde: aquele que sabe o preço de tudo e o valor de nada.

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Apenas pra falar mais uma de sampa. A favela de paraisópolis faz divisa com um dos bairros de mais alto nível (como se diz) da cidade, o Morumbi. Os altos muros da casta abastada, fechada em condomínios de alto luxo lembra, de longe, os antigos burgos. A diferença crucial é que na antiguidade os ladrões estavam do lado de fora.

conversa fiada

Pra quebrar a modorra, resolvi visitar o blog do Mino Carta. É divertido ver ele falar mal da revista Veja e do PSDB. Ambos fomentam boa parte dos bosts diários deste insigne intelectual. Às vezes ele arruma uma brecha pra bajular o Lula, mas não é sempre.

Mino frita com gosto FHC, porém de forma fundamentada. Nem que para tanto valha-se de argumentos volúveis.

Ultimamente ele tem se esforçado para esclarecer que FHC foi o pior presidente que o Brasil já teve considerando que, segundo Mino, o país quebrou três vezes durante seu mandato. Mas ele faz uma ressalva. Não considerou o governo Sarney, já que este herdou o cargo. Collor e Itamar dividiram um mandato, portanto, não valeu. O período atroz da ditadura não pode ser considerado. Jânio pouco governou. Jango era um mané e JK um alienado. Quem sobrou? FHC e Lula. Se um é o pior, o outro é o vice-pior. Se Lula é o melhor, FHC só pode ser o vice-melhor.

Não menos divertidas são as batalhas travadas entre Mino e Diogo Mainardi, comediante da revista Veja que dispensa apresentações. Numa de suas colunas, Mainardi afirmou recentemente que o blog do Mino veiculara uma crítica contra si dizendo que “o melhor que ele (Diogo) saberia fazer é um filho deficiente”. Mino se defendeu alegando que havia sido um leitor que bostou tal comentário de péssimo gosto. As brigas já estão nos tribunais, onde Mino vez ou outra se vangloria das vitórias obtidas em instância ordinária.

Amanhã visito o blog do Mino de novo. O (mau) comportamento do prefeito de São Paulo na manhã de ontem vai render bons frutos a semana toda.