Tuesday, September 16, 2008

Impeachment se avizinha!

Diferente de 100% das denuncias da VEJA, o que o Nassif fala ele pode provar. Leia abaixo a denuncia transcrita do blog do Nassif. Em sendo corroborado, esse governo deve sofrer processo de impeachment! Como se mostra, em terra de cego quem tem um olho não é caolho.

Lula, Satiagraha e a Real Politik

Atenção, um novo capítulo se abre para o caso Satiagraha.O governo Lula acertou um acordo com a Editora Abril – e, por extensão, com Daniel Dantas – para anular a Operação Satiagraha. O acordo foi montado da seguinte maneira:1. É impossível interferir nos trabalhos em andamento do Ministério Público Federal e do juiz De Sanctis. A ofensiva de Gilmar Mendes foi um tiro no pé.2. A estratégia acertada consistirá em tentar anular o inquérito de Protógenes, no âmbito da Polícia Federal. A versão preparada é que o inquérito continha irregularidades que precisariam ser sanadas. E a Polícia Federal colocou seus homens de ouro para “salvar” o inquérito. O trabalho dos “homens de ouro, na verdade, será o de garantir a anulação do inquérito.3. Ao mesmo tempo, o governo aproveitará o factóide dos 52 funcionários da ABIN que participaram da operação - uma ação de colaboração já prevista pelo Sistema Brasileiro de Inteligência - para consumar a degola de Paulo Lacerda. A matéria do Estadão de domingo, o da "demissão em off" estava correta. Sabe-se, internamente no governo, que a operação foi normal. Assim como se tem plena convicção de que o tal “grampo” entre Gilmar Mendes e Demóstenes Torres foi uma armação. Mas Lula se curvou à real politik.4. De sua parte, jornais e jornalistas mais envolvidos com o jogo estão reforçando essa versão do “inquérito ilegal” e do messianismo do delegado Protógenes. A armação, agora, terá o reforço da concordância tácita do Palácio.5. O pacto foi referendado pela Ministra-Chefe da Casa Civil Dilma Rousseff. O Ministro Tarso Genro foi o que se mostrou mais constrangido com a operação, mas acabou se curvando à força dos fatos. Com essa operação, Lula e Dilma passam a ser aceitos no grande salão nobre, pavimentando a candidatura da Ministra para as próximas eleições.6. O seu principal adversário, José Serra, já é outro aliado que entrou à reboque da Editora Abril. Está pagando um preço caro, com a descaracterização do seu discurso político.7. A bola, agora, está com o Ministério Público e o Juiz De Sanctis, que terão que trabalhar com essa nova peça do jogo: a intenção de se anular o inquérito.Não sei por que, mas o evento da Abril me lembrou aquela cena épica de Francis Ford Copolla, o fecho do filme. Enquanto todos estão na grande ópera, os inimigos são fuzilados na calada da noite. Na grande festa foram selados os destinos do delegado Protógenes e Paulo Lacerda, dois funcionários públicos cumpridores da lei. Anotem os nomes deles e os repassem para seus filhos e netos: foram dois brasileiros dignos, sacrificados por um jogo sujo.É o fim da grande batalha pela instituição da legalidade no país? Longe disso. É apenas um novo capítulo. Tanto assim, que integrantes próximos ao jogo estão completamente incomodados, assim como vários colegas jornalistas, que entenderam que esse jogo de cena foi longe demais e está comprometendo a imagem da categoria como um todo.Com tanta testemunha, tanto conflito de consciência, julgam ser possível varrer o elefante para debaixo do tapete? É muita falta de fé no estágio atual de desenvolvimento do país.

Friday, September 12, 2008

Não é fácil

O Azul, um amigo meu, é corintiano. Como o próprio apelido delata, ele é negão. Certa vez ele chagara de viagem vestindo a camisa do Corinthians e parou no metrô Trianon na Av. Paulista onde tinha uma festa não sei de que. De lá até nossa casa eram umas três quadras. E nas três quadras ele tomou três “gerais”. Na última, segundo ele, ele mesmo corrigiu a posição do meganha que em dado momento lhe de costas.

Tirei tanto sarro do Azul que entrei pelo cano. Dias atrás fui a um congresso na Itália. Tudo muito bom. Aterrissei em Milão. Que lindo. Que chique. Acontece que pra chegar lá a gente tem que passar dez horas na classe econômica. E eu, além disso, pego dois metrôs e um busão pra chegar ao aeroporto. Na classe econômica tudo é ótimo exceto o espaço, a comida e o atendimento. Quando o rango veio dessa vez a coisa foi feia. Tava apertado; os braços ficavam tão juntos ao corpo pra comer que confundi um cara de blusa verde do meu lado com o Horácio. Outro com uma arcada mais projetada parecia o Roy da família Dinossauro. Depois da refeição (um pão duro, uma salada rota com carne de frango, ou porco, sei lá) pedi um sucão pra ajudar a deglutir tudo. Depois de uns dez minutos sem nada do suco chamei a aeromoça e pedi de novo. Mais algum tempo depois pedi pra ela ver o que aconteceu com o suco (alta taxa de evaporação na aeronave pode ser indício de buraco no casco). Mais alguns minutos e veio ela: o senhor se lembra de ter me pedido algo? Desisti. Com a demora, a saliva que produzi ajudou os movimentos peristálticos.

Mas enfim cheguei à glamurosa cidade italiana. Depois de tudo, meus feromônios obviamente sobrepujavam meu perfume: sim, eu fedia. Os trajes em desalinho, o hálito tosco, cansado, louco pra dar uma barrigada e arrancar qualquer lembrança nutricional daquela comida terrível, a barba por fazer e os poucos fios que restam se comportando igual ao ataque da seleção: cada um pra um lado. Talvez por isso, talvez não, tenha eu chamado tanta atenção da guarda aduaneira. Fui parado, até aí tudo bem, apesar de ter sido o único. O pior aconteceu quando o interrogatório realmente começou, ou melhor nem começou. Bastou o guarda ver o símbolo da federação brasileira no passaporte pra coisa degringolar: a “geral” começou, e pra valer. Minha bagagem foi toda revirada, roupas, livros, papéis amassados com o movimento brusco, revista em todos os compartimentos, minha mochila foi tomada, meu computador aberto e perscrutado na procura de algo oco, a mala sacudida. E tudo isso enquanto cães farejadores faziam seu trabalho na bagagem revirada e em mim. Comecei a temer algum método investigativo mais invasivo, lavagem estomacal, toque retal, sei lá. Por sorte essa última vertente de escrutíneo não ocorreu. Nada encontrado, fui liberado.

Após sair dessa região, comecei a andar meio sem rumo, procurando alguma informação que me levasse até a estação de trem. A meio caminho entretanto, novo embate. Passaporte pedido e... tudo de novo. Desta vez sem cães. Minhas cuecas já eram do conhecimento até dos trabalhadores locais. E eu lá, lembrando do Azul e com cara de corintiano negão em dia de festa na paulista. Devo admitir, não é fácil.

Wednesday, September 03, 2008

Deve ser pessoal

Sou comunista. Pelo menos é isso que afirma o Sr. G. O Sr. G é um médico amigo meu. Nos termos certos, é um conhecido formado em medicina em uma universidade escusa, e cara. Ele afirma convictamente que eu sou comunista. Eu não tenho convicção de nada, absolutamente nada. Convicção e ciência não andam juntas, mas o Sr. G não compreenderia isso.

Sinto desapontar o Sr. G mas não sou comunista. Não sou o que ele afirma, pois pra ele comunista espeta criancinhas em grades de portões, como nas capas das cartilhas da Comunidade, Família e Propriedade. Não sou comunista na atitude teorética, pois seria necessário estudar muito para isso. Não o sou na prática porque além de me faltar o conhecimento adequado à aplicação, sou preguiçoso, inepto e faço pouco caso da situação alheia desde o meu esteja fora da reta. Mesmo assim, vou aceitar o elogio do Sr. G.

O Sr. G é fonte quase inesgotável de sabedoria de páginas amarelas. Eis algumas pérolas: “a minha opinião é igual à do meu pai” (?), “não sou racista, mas preto quando sobe no meio-fio já quer discursar” (!). Algumas outras prefiro ocultar para que eu não pareça um completo palhaço. Não que eu não seja um completo palhaço, mas não vai ser por causa do Sr. G que eu vou me revelar.

O Sr. G fez uma série de piadas sobre mim pelo fato de eu haver voltado para uma cidade do interior. Ele não entendeu que eu estava lá de férias. Ele voltou definitivamente, e parecia estar achando isso horrível. O SR. G acha que isso é retrocesso. Provavelmente nunca soube, por exemplo, que Kant nunca saiu de Koenigsberg. Ou melhor, nunca ouviu falar de Koenigsberg, nem de Kant. E se ouviu, ou improvavelmente, se leu, não entendeu.

O Sr. G é uma verdadeira enciclopédia, ou seja, possui um monte de informações resumidas que no mais das vezes descontextualizam tudo e dificultam ainda mais o aprendizado (“na versão da macro-história nada gera o general”...). Perguntei a alguns, esses sim, amigos e médicos o que achavam do Sr. G como profissional. Eles se entreolharam e disseram simplesmente “é fita”. Acho que entendi, eles foram polidos.

O Sr. G perfaz em si tudo o que mais me faz rir: um consumista vazio, deliberadamente estúpido e que se atribui, invariavelmente, ares de importância. É um prazer ser desafeto do Sr. G. Ficaria preocupado se não o fosse. Caso o intelecto do Sr. G permitisse, eu poderia fazer alguma pilhéria a respeito do que disse a ele evocando o paradoxo de Creta e dizendo altissonantemente: Eu sou um mentiroso. Mas infelizmente, o Sr. G também não compreenderia isso.

Não sei porque o Sr. G gosta de me provocar volta e meia. Por motivo ideológico é que não é, não há capacidade nele pra isso. Enfim, deve ser pessoal. Não da minha parte; afinal o senhor G não é tão importante assim.