Tuesday, February 09, 2010

P.A.

Essa é uma espécie de bostagem-desculpas. Infelizmente não poderei comparecer ao encontro carnavalesco no coração do Brasil. Terei que postergar minha ida pelo mesmo motivo que levou ao cancelamento do show do Engenheiros na Guaratuba de 1992: força maior.



Se a presença não é possível, a memória é infalível. Assim, sapeco uma recordação vaga, mas suficiente, da última vez em que nos encontramos debaixo da mesma lua. Mim, Sancho e Negro, estávamos em Itapoá. Páscoa. Calor. E noite chuvosa. A conjuração astral perfeita pra encher o caneco. E assim foi. Estava sendo. Até que Sancho, num rompante jamais visto, inédito e, acredito, que jamais se repetiu, pediu arrego e lembrando o Baloubet Du Ruet nas olimpíadas, Sancho simplesmente refugou. Instantes antes esvaziou o copo na pia, enchou o pulmão de ar, o copo de cerva, tomou um gole e... foi dormir.



Negro e mim temos uma certa sintonia nesses assuntos. Certa vez Sancho, de um golpe só e no mesmo dia, mandou Negro pra casa cambaleando e eu fui parar na terra do nunca, de bruço e roncando. Mas no dia em questão, Negro e eu rimos de desistência de Sancho e fomos tomar outra pra comemorar.



Em certo momento, fomos até a frente da velha casa, sei lá por que cargas d'água (que passarinho não bebe). Deu-se então o seguinte diálogo, no qual serei denotado por C e Negro por N. Note por favor que há essa hora estávamos numa situação tal que isso era o máximo que nossa caixa craniana podia articular.



C: Nego, o que é PA?

C: Nego?!

N: fala Canhoto.

C: o que é PA?

N: que PA?

C: ali da placa.

N: placa? Que placa?

C: da rua po.

N: que rua??

C: putz...



lembrei então que a visão não é um dos predicados de nosso fiel colaborador.



C: ta vendo a rua em frente de casa?

N: to..

C: agora olha a placa perto da esquina.

N: que esquina?

C: jesus..

N: onde?

C: deixa pra lá.



Passado um momento:



N: achei, achei a placa! que que tem?

C: tá vendo escrito PA?

N: to. O que quer dizer?

C: é isso que eu to te perguntando.

N: acho que é... PA? mais que inferno.

C: acho que é Progressão Aritmética, a sigle bate.

N: larga de ser trouxa. Não tem nada a ver. O que isso teria a ver com uma placa na esquina?

C: é mesmo... vamos tomar uma pra ponderar.

N: demorou.



De volta em frente de casa:



C: poderia ser... Ponto Azul, Produto Acabado, Ponte Aaaa... sei lá.

N: Pergaminho Amarelo, Placa Azul, Pergunte Assim, Padaria Aa...quática?

C: vixi, a coisa tá braba.. Pare Agora, Pare Agora!!! A sigla bate e faz sentido!

N: Pare Agora... pode ser, mas porque não é só aquela placa vermelha?

C: sei lá, esse já é outro problema.

N: que que é aquela coisa desenhada do lado do PA?

C: primeiro não ve nada, agora ve demais... parece... uma... cruz, vermelha...

N: xiii, agora o negócio tá ficando meio misterioso.

C: cruz, PA, mas que coisa! Já se foi o tempo em que essa praia era boa... e compreensível. Agora tem gente estranha, asfalto, cruz pra tudo quanto é lado, PA no lugar daquelas placas vermelhas usadas em 100% do resto da humanidade, tá tudo uma zona, é a decadência da civilização greco-ocidental refletida nessa perspectica pós-humana que

N: canhoto?

C: que?

N: é Pronto Atendimento po.

C: e a cruz?

N: o símbolo uai.

C: rapaz é isso mesmo!!!

N: tá resolvido o mistério!!

C: maravilha.. po, agora sim!!

?: xxxxxxiiiiiiiuuuuuuuuuuuuu!!!!!!!

C: xiu?

N:xiu?

C: deve ser alguém pedindo silêncio.

N: po xiu é duro. Não dá nem pra replicar. Se manda calar boca, ficar quieto, pelo menos dá pra dizer alguma coisa também. Mas xiu, putz xiu é demais

?: XXXXXXXIIIIIIIIIUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

C: agora engrossou.

N: pelo menos a gente matou a charada.

C: é mesmo. Vamos tomar uma pra comemorar?

N: demorou..

C: mas em silêncio.

N: não falou quem aqui mais tá... ou alguma coisa parecida.