Mea Culpa

A depreciação da oposição a fim de não entrar no mérito da questão é manobra vastamente usada por todos os lados da nossa política. Obviamente quem clamar o contrário atirará no próprio pé. Eu, particularmente, sou um usuário assíduo de tal ferramenta. Adoro descer o cacete na Globo, na Veja e no PSDB. Por razões bem simples. Primeiro porque é muito mais divertido; segundo porque nem que eu quisesse conseguiria achar algo louvável feito por algum dos três e terceiro porque somente nesse âmbito, o da troca de farpas, a atual oposição consegue ter alguma argumentação, pois se formos comparar benfeitorias não haveria com quem debater.

Foi aventada a hipótese no post anterior de que a Carta Capital ganha grana do governo para fazer propaganda. Bom, não sei. Mas se for, tanto melhor! Uma vez que todos os outros orgãos midiáticos só descem a lenha, isso mostra que o governo gasta pouco com auto-propaganda. Ponto para o governo novamente!

Ainda é possível achar quem queira por a culpa, ou parte dela, do acidente da TAM no governo. Mesmo com a caixa preta dizendo o exato oposto. Bom, ouso dizer que seguindo o raciocínio dessa turma a caixa preta, além de preta é pobre e vota no Lula.

Mas baboseiras a parte, esse negócio de situação, oposição, etc. pode ser definido assim: quem acha que distribuir renda é mais urgente no país apoia o governo e critica a oposição. Quem acha que a redução de impostos é mais importante faz o oposto. Toda outra questão de gerenciamento pode ser, com mais ou menos desdobramentos, reduzida a essa. Na verdade se ganharia muito mais discutindo isso do que falando do PT, PSDB, PQP, WC, e sei lá mais o que. Mas a gente quer mesmo é dar risada.

Por fim acho boa a idéia de fazer do norte e do nordeste outro país. Poderíamos aproveitar a vertente separatista sulista e criar outra cisão por lá. Devemos aproveitar também a reinvindicada supremacia do sudeste e fazer ainda outro país. Talvez com esse novo desenho geográfico lográssemos êxito. Nem que seja vendendo novos mapas. Ah, e não nos esqueçamos do Chapadão para o MS.

honra ao mérito

Em clima de Pan, o Brasil tem se superado a cada dia. Testemunhamos vários recordes sendo quebrados, dentre os quais o de vítimas em acidente aéreo. Não vou me atrever a atribuir toda a culpa ao atual governo, embora o mesmo tenha lá seus méritos. A ganância dos empresários diretos e indiretos beneficiados com o risco de se utilizar um aeroporto cuja pista é adequada para carrinhos de rolemã também deve ser levada em consideração. Aliás, a única coisa com a qual não se tem consideração é o passageiro. Sim. O passageiro é uma coisa. Um aviãozinho cai, mata mais de 200, e continuam lá marcando bilhetes, enquanto existem vôos atrasados há mais de uma semana. Se o vôo não sair, tudo bem. Quem usa transporte aéreo é apenas uma elite desocupada.

Outra façanha, que na minha opinião é um recorde quebrado, foi o óbito de ACM. A churrascada no inferno deve estar durando até hoje, já que o finado senador era bem rechonchudo. Só que a Bahia é uma remanescente capitania hereditária e certamente o substituto do chefão já tomou posse. Poderiam fazer como a Província Cisplatina, e lutar pela independência. Poderiam até mesmo levar todo o nordeste junto. E o inútil norte. A única coisa que se vê na Amazônia, por exemplo, é madeira. E o nordeste é medalha de ouro em extração de madeira até a desertificação do lugar.

Tenho percebido que é mais fácil falar mal do alheio, do que falar bem do que está sendo feito. Imagino que tal situação se dá em razão de que não há nada bom sendo feito. É como justificar um erro com outro erro. Se tirei zero em uma prova, justifico dizendo que Joãozinho também tirou. Lula diz que pegou o país no caos e levou ao céu. Nunca enfrentou uma grande crise mundial. As crises que enfrenta são internas, em decorrência da própria bandidagem que integra o Estado. Se a PF nunca trabalhou tanto como em seu governo, é em decorrência do aumento de bandidos do período de seu governo. Ou seja, méritos do atual governo.

Carta Capital recebe uma verba para bajular Lula. Mino Carta, o editor-chefe de tal opúsculo, é quase um porta-voz do governo. Seu ganha pão é falar mal da revista Veja, Rede Globo, PSDB, etc, como se isso justificasse as “obradas” do governo petista. Mino disse que a atual administração é a melhor de todos os tempos, salvo as anteriores a Itamar Franco que não entram em sua conta. Tal declaração tem tanta credibilidade quanto a do presidente do Flamengo, que afirma que Obina é o melhor jogador do Brasil.

Nelson Jobim entra no ministério da Defesa com uma dura missão. É uma aposta de Lula para suceder a Presidência da República. Ah, se sobrar tempo, ele vai dar uma olhada no problema da crise aérea. Existe uma CPI correndo, mas CPI e Sindicância, segundo os modernos dicionários, têm o mesmo significado: investigação inútil que não chega a lugar algum, uma vez que sequer se inicia. A missão do novo ministro será utilizar a cadeira para alavancar sua candidatura à presidência. Mas tem o Vavá, irmão de Lula, como possível candidato, que possui atributos de sobra para ser eleito.

O páreo vai ser duro. E o mérito? Do atual governo, claro.

PANgea

O PAN vai de vento em popa. Estamos muito bem; até agora pegamos o terceiro lugar no quadro de medalhas. Razoavelmente melhor do que nas últimas Olimpíadas onde ficamos atrás do Michael Phelps. Quem deve estar gostando mesmo do PAN são os cariocas. Nada de PÂNico nas ruas nem PANcadaria. Aposto que alguns moradores estão rezando para que o PAN dure o ano inteiro. Depois de estourar nove vezes o orçamento inicial, segurança é o mínimo. Daria mesmo para colocar um PANtagruel de guarda, trocando apenas o apetite por ganância. Ainda bem que o Lula foi vaiado, só não entendi os aplausos para o César Maia.

Fora o PAN temos, ou continuamos tendo, problemas em Congonhas. É trágico. O freio parece ter falhado, mas a culpa é do governo. A pista é curta, estava molhada, existe um posto da gasolina a trinta metros do fim da pista, mas a culpa é do governo. Seguindo o raciocínio do Paulo Henrique Amorin, Congonhas fica em São Paulo, que é cortada pelo trópico de Capricórnio num país tropical, logo chove muito e portanto aeroportos sempre (em toda história) operam com dificuldade, com muitos fechamentos ao longo do dia e, assim, com atrasos. Mas a culpa é do governo. Na Itália e em Portugal, por exemplo, existem atrasos diversos todo o dia, mas a culpa é do governo... do nosso, aliás. O barranco que faz margem à pista do Congonhas desabou com a forte e perene chuva de ontem aqui em São Paulo, nem precisa falar de quem é a culpa.

No último laudo econômico do país, cresce no Brasil o investimento estrangeiro, com risco país bixíssimo, PIB com perspectiva alta e dívida zerada com o FMI. Um pouco diferente dos anos anteriores onde o país quebrou três vezes sob a batuta neoliberal. De quem é a culpa agora? Mas ainda assim a coisa vai mal. A Folha publicou uma recente pesquisa que revela que nada menos do que 1% (um por cento!) da população brasileira detém metade (50%) do PIB! É bom ter esse tipo de estatística, principalmente para responder as seguintes perguntas: 1) em um governo, o que é mais urgente, distribuir renda ou abaixar impostos? Não pode escolher as duas, só uma. 2) De quem é a culpa?

Questões

Algumas perguntas que realmente gostaríamos que fossem respondidas:

1) Se a caixa preta é indestrutível, por que raios não se faz um avião inteiro com o material da caixa preta?
2) Afinal de contas, qual é a operadora dos celulares dos bandidos na cadeia? (afinal são os únicos que funcionam)
3) O que realmente significa psicossomático? (sem enrolação)
4) Aquela colherzinha na boca da garrafa de refrigerante funcionava mesmo?
5) O Bush enforcou o Saddan, quem vai enforcar o Bush?
6) Como é que aquele cara da propaganda das Casas Bahia ficou tanto tempo no ar?
7) Como o Parreira ficou tanto tempo na seleção?
8) Aliás, como ele ficou algum tempo na seleção?
9) Por que sempre constroem morros sobre os túneis?
10) Se o fim de semana passasse a ser domingo e segunda, terça seria tão ruim quanto segunda é?
11) Por que um extraterrestre nunca aparece para um cientista? (nem em Varginha)
12) Pra onde vão as canetas quando se precisa delas? (especialmente as BIC’s)
13) Existe alguma doença que não possa ser tratada com Minâncora? (segundo o rótulo não)
14) E com cachaça com alho? (segundo a vó, também não)
15) Como mesmo se divide números com vírgula?
16) Por que é necessário pagar para estacionar?
17) O que quer dizer superávit primário?
18) Como a minha camisa foi parar na geladeira?
19) Onde está o cincão que estava na minha carteira agora?
20) Tem certeza que esse DVD é original? (no Paraguai)
21) O feriado de Corpus Christi diz respeito a que mesmo?
22) Como se escreve Corpus Christi?
23) Como é que a XUXA, o Faustão, o Gugu e o Zorra Total ainda estão no ar?
24) Qual é mesmo o plural de tico-tico?
25) Será que alguém realmente gosta do Latino?
26) Manga com leite mata mesmo?
27) Por que raios não se pode aplaudir depois do hino?
28) Por que um minuto de silêncio dura no máximo 30 segundos?
29) Por que o ouro vale alguma coisa?
30) O que acontece se passarmos uma faca Ghinsú (que corta desde abacaxi a casco de navio) numa meia Vivarina (que não desfia nunca)? (resposta no número 011-1406)

E por fim, onde está afinal o contrato das obras do metrô linha-4? As trinta anteriores certamente tem resposta, já essa última só será respondida quando tucano começar a falar...