Wednesday, March 28, 2007

Notícia?

Não tenho aparelho televisor em casa. Há tempos que me desvinculei da telinha, por opção própria. Simplesmente pelo fato de que ela me imbeciliza facilmente. Porém ontem, voltando de um amistoso a meia-noite (sim, se você quer jogar futebol em São Paulo tem que ser nesse horário) passei num dos restaurantes da péssima rede Habibis, pois era só o que estava aberto perto de casa. Lá sim, há uma TV. E foi lá, portanto, que vi uma notícia extremamente relevante: um certo príncipe ordenhando uma brasileira.


E isso lá é notícia?? Não diz nada, não tem nada de importante! A manchete poderia ser, sem nenhuma perda de essencial informação: homem põe a mão no peito de mulher. Grande coisa! Particularmente acho que o tal principesinho é dono da sua mão (até onde sei, o ultrapassado sistema monárquico não faz ressalva a membros do corpo) e na idade dele vai colocá-la no peito de quem deixar. Já a brasileirinha dadivosa também roga de plenos direitos no que diz respeito ao livre trânsito de mãos pelo seu corpo. E daí?


Daí que eu não entendo o motivo de uma coisa tão banal ser destaque em sites, tablóides e jornais televisivos. Desde quando uma coisa dessas pode ser considerada informação? Tal fato apenas me encoraja a manter minha postura frente a TV. De costas pra ela, de frente pro que é interessante.

Monday, March 26, 2007

Idas e vindas

Chegam-me aos ouvidos notícias que dizem respeito a metade do corpo editorial do CANHOTO E SINISTRO. Nosso co-editor-redator-chefe-sócio-âncora Sancho reside agora, ou volta a residir, no coração do país.



A julgar pelas notícias que entravam a folha de hoje (assassinato brutal no MS), e por outros motivos, a decisão foi mais do que acertada. E como sempre sobram as questões. Onde, a partir de agora, acharemos cerva semi-quente em Dourados? Em que lugar servirão petiscos de procedência duvidosa no MS? Onde mais poderemos encontrar bons petiscos e cerva gelada a partir das três da manhã (no espírito "já que não vai embora mesmo...")?



Enquanto as perguntas permanecem em aberto, o fígado agradece.

Tuesday, March 20, 2007

chapadão do céu – cidade goiana longe de goiás

Solidarizei-me com a causa dos habitantes de chapadão do céu, pequeno município situado no extremo sudoeste goiano, próximo a divisa com Mato Grosso do Sul.

Não nego que abracei a causa, num primeiro momento, por interesses pessoais, uma vez que tal cidade faz parte da rota entre Dourados, cidade onde resido, e Jataí, cidade onde residirei. Mas é interessante conhecer um pouco mais da história deste jovem município.

Dr. Nilson, atualmente conhecido como “o Chefe”, praticou a agricultura no Chapadão do Céu do início da década de 80 ao fim da década de 90. Na época, dirigindo um possante VW/Brasília – Ocre Marajó, o trajeto entre de Jataí até a Fazenda, coisa de 180 km, era feito em cerca de 4 horas. Quando chovia, esquecia o cronômetro e corrente nas rodas.

Hoje em dia, já existe asfalto em parte das rodovias. Existem dois acessos de Chapadão a Jataí, e ambos ainda conservam, porém, um doloroso trecho não pavimentado. E, por incrível que pareça, a conexão entre Chapadão do Céu com o outro estado está inteira pavimentada. A princípio, pode parecer tolice. Mas vamos às estatísticas.

Chapadão do Sul, assim como Chapadão do Céu, é basicamente movido pela agricultura, conforme sugere o próprio nome de ambas. Em conseqüência da estrada de terra, boa parte dos suprimentos para maquinários é adquirida na cidade sul-mato-grossense. Ou seja, impostos e empregos diretos e indiretos gerados no estado vizinho. Cursos superiores também foram disponibilizados em tal local, já que o acesso a Mineiros, Jataí ou Rio Verde não é pavimentado e em época de chuva, boa parte das estradas fica intransitável.

Mas existe ainda um outro fator. Chapadão do Céu é um município que possui uma das maiores arrecadações tributárias do estado de Goiás. E, pra finalizar, acolhe o Parque das Emas, grande reserva do quase extinto cerrado brasileiro.

Não se trata apenas de egoísmo da minha parte, mas sim do desenvolvimento de uma das regiões mais promissoras do Centro-Oeste do país. Pode até ser que eu nem tenha o apoio da maioria dos moradores. Ou de nenhum morador, que seja. Solidarizo-me, na verdade, com algo que eu mesmo criei. Mas é certo que questões partidárias levaram o ex-governador a desamparar tal região, não abandonando, contudo, os impostos ali gerados.

Tenho, porém, uma proposta a fazer aos bravos habitantes de Chapadão do Céu. Vamos organizar um plebiscito na cidade para tentar separá-la do estado de Goiás e anexá-la ao Mato Grosso do Sul, a exemplo do que fizeram os moradores da região do triângulo mineiro, que outrora se separaram do mesmo Goiás para se agregarem a Minas Gerais, formando uma das regiões mais desenvolvidas do interior do Brasil. Vamos formar um “triângulo sul-mato-grossense”, e dar uma banana pro estado que não nos acolhe.

O mínimo que pode ocorrer é levar o poder executivo goiano a considerar a hipótese de ver seu bolso desfalcado. Afinal, pior do que está não há de ficar.

Monday, March 12, 2007

Massacre no bairro japonês

Acordei neste domingo, tarde, como de hábito nos finais de semana. Após uma rápida passagem no chuveiro verifiquei que meu estoque de mantimentos havia acabado. Como já era meio dia e alguma coisa fui para rua a procura de perecíveis. Foi quando, ao passar em fente a um restaurante típico japonês resolvi arriscar a sorte. Pra variar, obtive revezes.

Entrando no recinto o primeiro choque. Fora eu mesmo, a pessoa com o olho mais aberto tinha uma distância de um diâmetro atômico entre as pálpebras. Fui olhado com a habitual argúcia oriental. O garçom chega e, aposto que propositadamente, fala em japonês. Após cinco segundos perguntando a mim mesmo que diabos fazia ali digo um cerimonioso "quê??". Mesa pra um? Sim! Respondi com firmeza. O cardápio foi entregue. Grande coisa, nada estava em português. Fui me informando com o garçom, que estava sem dúvida obstinado a dificultar minha vida. A cada prato que perguntava ele primeiro falava em japonês. Depois em português.

Pedi algo que parecia agradar ao palato. Enquanto esperava veio o bendito e me entregou um punhado de algum vegetal verde-muco, os benditos palitinhos e uma toalhinha quente e enrolada. Dissimuladamente observei um japa ao lado que limpava as mãos com a toalha. Imitei. Quanto aos vegetais, a velha máxima me veio à mente: desse troço eu não como! Alguns comensais me olhavam, cochichando com os outros. Como se eu tivesse que comer os tais vegetais. Ignorei. Simplesmente dei de ombros e fui abrindo o recipiente dos palitinhos.

Enfim chegou o prato pedido. Ei-lô: em uma tigela vem uma mistura de arroz, ovo, carne de frango, um monte de algas, arroz e mais um pouco de arroz. Talvez mais ainda. Em outro pote, mais vegetal, dessa vez com uma coloração opaca. Por fim uma espécie de tigela cheia de um caldo de cor indecifrável e o que parecia ser conchas do mar!

Bom, eu sou canhoto. E reconheço que um simples garfo já me dá trabalho suficiente. Imagine os palitos infernais. Após várias tentativas frustadas, já estava usando-os como uma pequena estaca e literalmente espetando a comida. Ao perceber que já era uma atração ridícula à parte no restaurante, sucumbi e pedi talheres normais. Não sei se foi pela quebra de protocolo ou pelo emprego da palavra "normais" em voz alta (e já irritada), mas em parte do recinto ecoou uma reprovação em uníssono. Meu amigo garçom sorria abertamente. Novamente dei de ombros.

Chegando o bom e velho garfo comi um vegetal opaco. Nunca ingeri algo tão salgado, mas nada que um punhado do interminável arroz não ajudasse a engolir. Eu tive sérios problemas em decifrar a utilidade daquele caldo que veio com o prato. Até agora não sei se era um simples enfeite, algo para ser bebido, um tipo de molho ou era simplesmente o garçom tirando sarro. Enfim, assumi que era molho. Tudo o que ia comer mergulhava naquilo. Foi quando novamente percebi ser motivo de alegria. Nada me deixa mais feliz!

Após mais umas beliscadas fui embora. Em casa, lendo tranquilamente senti uma pontada aguda na barriga. A buchada ia mal. Dali pra frente fiquei mais tempo no banheiro do que em qualquer outro recinto. Pra se ter uma idéia, essa simples bostagem teve de ser interrompida três vezes por motivo de força maior. Sinto que a tarde será melhor. Entretanto ficarei por aqui. A quarta vez me aguarda. Com impaciência.

Wednesday, March 07, 2007

Carta aberta (a ser publicada no jornal da UFSC)

CARTA ABERTA

A UFSC implementa, desde 2005, um projeto pioneiro de Educação (EaD) a distância para alunos do Maranhão e interior de Santa Catarina. Tal projeto funciona sob os auspícios de professores que encabeçaram a difícil tarefa da transmissão não presencial do conhecimento.

Incorpora o grupo de desbravadores, alunos de graduação e pós-graduação da UFSC que atuam em contato perene com os estudantes, tirando-lhes dúvidas, de toda natureza, e auxiliando-os na realização das disciplinas. Estes são os tutores. Cada disciplina tem seu grupo de tutores em quantidade tal que visa, em princípio, suprir a necessidade da cátedra. Esse é o esboço sintético do funcionamento do EaD.

A seleção de tutores funciona através de concurso público simplificado, onde os candidatos passam por três etapas, a saber: análise curricular (não eliminatória), prova escrita e entrevista. Tal concurso é feito pelos professores das respectivas disciplinas e acompanhado por um coordenador, também professor, geralmente em posição acentuada na hierarquia professoral que rege o curso.

Dias atrás, do presente ano, iniciou-se uma greve por parte dos tutores de Florianópolis, pois não recebiam seus salários há tempos. A greve deu-se nas vésperas de um concurso que visava ampliar o quadro de tutores, abrindo vagas para trabalhos referentes à 40 horas semanais, ao invés das atuais 20 horas exercidas pelos tutores. Antes de prosseguirmos vamos nos reportar a um dia crucial, quando da abertura do edital. Desta data em diante, a terminar no dia da deflagração da greve, paulatinamente, as coordenadoras do curso de matemática (modalidade a distância) Rita e Neri visitavam a sala dos tutores encorajando-os a prestarem o concurso e atuarem, então, nas quarenta horas indicadas no edital pois, segundo as mesmas, e com razão, os já tutores eram possivelmente os melhores indicados para as vagas, uma vez que há tempos exerciam o trabalho. O edital, fique claro, em nenhum ponto obstava a participação dos já tutores no processo de seleção. Assim, impulsionados pela nova possibilidade e, não em menor grau, pelo constante encorajamento das professoras Rita e Néri, vários tutores se inscreveram no referido concurso.

Esclareça-se, entretanto, que a participação dos tutores no concurso não implicava pronta aceitação do candidato. Era preciso concorrer. A vantagem, se existisse, ficaria restrita ao âmbito da experiência profissional já adquirida para a vaga. Tudo nos termos da lei, conforme estabelecido no edital.

Voltemos à greve. Os tutores, não encontrando outra possibilidade de recebimento, e já enfrentando os revezes da falta de pagamento lançaram mão da paralisação. Novamente, tudo nos termos da lei, conforme pregam as diretrizes trabalhistas. Notória, porém, foi a súbita mudança de comportamento e postura por parte das professoras Rita e Neri. Estas, na tentativa de aplacar a greve dirimindo o movimento, proferiram em bom tom ameaças junto aos tutores que se inscreveram no concurso. Tais ameaças versavam sobre um eventual prejuízo no concurso para os candidatos que quisessem aderir ao movimento. Numa palavra, a mensagem foi bem clara: quem entrasse em greve não seria aprovado! Causa, na mais fria análise, pasmo a atitude das professoras. É certo, ninguém pode ser vítima da própria retórica. No entanto, uma mudança tão abrupta de atitude merece, precisa, ser questionada.

Os tutores mantiveram-se unidos. A greve ocorreu com plena participação. Dias depois, o pagamento saiu e o trabalho voltou. Mais alguns dias, na sala onde o concurso se realizaria, com todos os candidatos em sala, entra a professora Rita e, no costumeiro bom tom diz que haverá privilégio aos candidatos que não são tutores. A prova dos já tutores valeria menos.

Algumas questões vêm à baila: como as coordenadoras do curso a distância podem interferir, a posteriori, nos quesitos de seleção de candidatos de um concurso público? Como tal intervenção pode chegar ao despropósito da explicita eliminação de um candidato sem embasamento advindo de critérios justos? Como a ingerência das coordenadoras pode eliminar dessa maneira os candidatos, pelo menos em tese, mais preparados? Como qualquer projeto que queira ter a alcunha de sério pode ser sujeito a tal tipo de atitude nada razoável? Como os candidatos tutores podem ser a tal ponto lesados por essa espécie de capricho infantil das coordenadoras?

Muitas são as dúvidas, assim como as indignações. Com clareza análoga à atitude absurda das referidas professoras, a mensagem aqui é explícita: este tipo de comportamento precisa ser admoestado! E em maior grau, precisa ser amplamente divulgado. Só assim tais desmandos podem ser interrompidos.

Note-se que não somente os tutores foram tolhidos. Os alunos, que tanto necessitam e merecem o acompanhamento intensivo de tutores qualificados, também foram lesados. Levando em conta esse inadmissível comportamento por parte das referidas professoras, faz-se necessário amplo e efetivo debate! Os direitos dos tutores precisam ser respeitados! Do contrário, sugere-se que a sigla EaD seja transformada em FEacD- Falta de Educação a curta Distância.