Wednesday, February 07, 2007

tá falado

Fixei residência no famoso bairro da liberdade. Aquele que mais parece uma colônia japonesa. Perto há um templo budista, o museu da imigração japonesa, um jornal chinês e uma loja maçônica inútil. É tanto japonês que tenho convicção de que se eu procurar bem acho o sr. Myagui. Pois bem, existe um velho ditado oriental que diz: aquele que pouco ou nada fala vive mais e melhor; e meus novos vizinhos parecem levar a sério tal adágio.

No expoente cultural do ocidente, os antigos gregos através da escola platônica desenvolveram a maiêutica que, a grosso modo, traduz-se: diga o que quiser, mas não escreva nada. Levando a termo as duas máximas de tão admiradas culturas temos um resultado perturbador: não fale (do oriente) e não escreva (do ocidente). Em suma, não se expresse!

Acho as duas filosofias, nesse ponto, péssimas. Se assim fosse o próprio canhoto e sinistro perderia o propósito... pois é, pensando bem não seria tão mal. Mas enfim, talvez a combinação dessas máximas esclaressa melhor a primeira frase proferida na conferências das nações em desenvolvimento: trazemos conosco um silêncio muito parecido com a estupidez.

Mas afinal, no fim das contas tudo se resume à pequena estrofe do Millor: tudo o que eu digo, acreditem, teria mais solidez se ao invés de carioquinha eu fosse um sábio chinês.

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