Tuesday, August 29, 2006

haja santo

Após realizar o teste na Escola de Belas Artes de Curitiba, resolvi fazer um tour até São Bernardo do Campo, reduto de nosso presidente cefalópode acéfalo. Fui para visitar tios e primos que há tempos não via.

Ainda em Curitiba, fui comprar a passagem de busão com a vó Nair. Confusão generalizada. Sempre fui até São Paulo para depois chegar em São Bernardo. Ali, contudo, tive que comprar uma passagem que ia até Santo André (???). Sem entender muita coisa, subi no busu e deixei o barco andar.

Paramos em Registro, onde saboreei o bom e velho espetinho de frango empanado. Seguimos pela tensa Regis até começarem as paradas. Parecia um ônibus de transporte coletivo. Em São Caetano, eu creio, o motorista quis saber meu destino. Àquela altura, eu já estava sozinho no ônibus. Olhei a passagem e não tive dúvidas: “para Santo André!”. Errado! Muito Errado!

Cheguei no meu destino errado. Rodoviária fétida, muita gente, drama característico de interiorano em cidade grande, ausência de rostos conhecidos. Fui procurar um orelhão. Liguei para Dore, que obviamente não estava em casa, e sim na rodoviária de São Bernardo juntamente com sua família me esperando.

Liguei para Curitiba. A vó perguntou onde eu estava e, pelo pânico que já começava a se instaurar, falei que estava em São Caetano... São Sebastião... ou... São Benedito. Sei lá!

Falei com mais alguém depois disso e que, por telefone, me deu uma idéia genial: “olha pra cima e veja a placa, imbecil!”. E lá estava a placa: “Bem-vindo a Santo André”. O problema é que meus familiares ainda me esperavam em São Bernardo, e na época telefone celular não era tão banalizado como hoje em dia. Seguindo instruções do QG, fiquei aguardando naquela rodoviária mesmo.

Nesse momento, surgiu um cavalheiro que, num daqueles surtos suspeitáveis de benevolência, ofereceu um opúsculo para me distrair enquanto aguardava. Em troca ele me pediu uma singela contribuição de R$ 0,50. Guardei a revista, caso precisasse ir ao banheiro. O sujeito, porém, constatando que eu estava mais perdido que calcinha de noiva em lua-de-mel, ofereceu carona para me levar onde eu quisesse. Olhei novamente a revista. Era tarde demais. Os reles R$ 0,50 tornaram-se, doravante, uma vultuosa quantia para minha paciência. O cidadão pretendia me converter para a seita fundada no século 19 por Charles T. Russel. A situação crítica que eu já me encontrava parecia não ser suficiente. Tentei argumentar com o camarada que insistia em me dizer a proposta das Testemunhas de Jeová.

Despistei o sujeito indo novamente ao orelhão. Ao ligar para a vó, recebi mais uma informação desastrosa. Santo André possuía duas rodoviárias, uma bastante longe da outra. Era o caos. Por outro lado soube que meus parentes já estavam à minha caça. Eu estava quase em desespero. Mais alguns minutos ali e eu fatalmente me desfazeria dos poucos bens materiais e estaria de túnica, distribuindo flores e livros com um grupo de hare krishnas que se aproximava ao leste.

Mas meu resgate chegou a tempo. Ainda podia sentir as mãos de Hades me puxando para as trevas.

Após vário santos, testemunhas de Jeová e hare krishnas, escapei ileso desse passeio ecumênico. Porém, não voltei ao ABCD paulista tão cedo.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

OIe... que histórias.. primos queridos.. amo vcs... Ah Julio.. o unico problema de tudo é o curintia..rsrsrs.. beijoss
LAryssa Hoff

8/30/2006 11:39 AM  

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