Thursday, September 21, 2006

meu “olo”!!!

Antigamente, há uns 15 anos, viajávamos de camionete pelo Brasil, visitando os parentes ou apenas a passeio mesmo. Tal veículo, obviamente, comportava apenas três passageiros. Contudo, graças ao “jeitinho brasileiro” e o poder organizacional (ou seria entulhamental?) de minha mãe, herança de Seu Berlin, colocávamos uma capota de fibra na camionete, estendíamos um colchão na caçamba em meio às bagagens, e partíamos. Vez ou outra a polícia nos parava, mas os policiais se corrompiam por uma merreca. Nada mais que uma cervejinha ou um cafezinho.

Numa dessas partimos de Jataí a Dourados para visitar alguns parentes. Além de meus pais, estavam eu, Negão e minhas primas, Pizza e Lyli, com 2 e 4 anos respectivamente, na época.

Tudo tranqüilo na ida. Viajem um pouco cansativa dada a distância aliada ao calor insuportável.

Na volta, optamos por sair bem cedo para aproveitar melhor o clima ameno e a preguiça dos policiais, que iniciavam seu turno por volta das 10 horas da madrugada.

Eu e negão iríamos revezar na viagem; iniciaria ele na carroceria e eu na cabine e, no meio do caminho, eu passaria para carroceria e ele ocuparia meu lugar na cabine. As meninas, na qualidade de crianças menores de 5 anos, não tinham qualquer direito, devendo realizar todo o trajeto na caçamba.

Convém salientar que, de vez em sempre, a fumaça do escapamento da camionete entrava por algumas frestas na caçamba, o que, para quem não era acostumado, provocava náuseas e/ou dores de cabeça. Nada tão fedorento quanto os salgadinhos Zambinos ou Cheetos, que costumávamos levar nessas viagens.

Pois bem, partimos de Dourados por volta das 6 da matina. Seguimos cerca de uma hora de viajem. Mas, segundo relatou Negão, Lyli suportou pouco o sacolejo da viajem e o cheiro do escapamento. Corroborando a genética que lhe conferiu nosso tio Batuta, o café da manhã retornou de forma súbita, e covardemente atingiu o rosto da Pizza sem que a coitadinha pudesse se esquivar. Ela, com apenas dois anos, pensou no pior: “Meu ‘olo’!!! Ahhhhh!!!!” O leite com pão mal digerido junto com os sucos gástricos, irritaram os olhos da pobrezinha. Era o caos. Uma garota passando mal, outra pensando que estava cega, cheiro de vômito e de escapamento.

Quando resolvi dar uma olhada no desempenho do Negão como babá vi que a mão dele estava quase destruída de tanto bater no vidro da capota. Entre o vidro da cabine e o da capota existia um espaço de cerca de 10 cm, o que nos impedia de ouvir o desespero do Negão.

Finalmente paramos em um posto para tentar limpar um pouco da bagunça. O tempo que pretendíamos economizar foi todo reinvestido no asseio parcial da caçamba. Lyli ainda não queria muito assunto, e na hora achamos melhor que ela realmente ficasse de boca fechada. Pizza deu sua versão para história de forma bastante sutil: “A Lyli me domitô!!!”. Ela ainda expressava muito bem o português, Mas o aroma não deixava dúvidas.

Para nossa sorte, hoje em dia não é mais possível esse tipo de viagem em carroceria de camionete. A polícia vem tentando ser mais rígida, porém, não menos corrupta. Existem outras estórias da camionete que deixo para outra oportunidade.

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

BEM LEMBRADO ESSA ESTÓRIA SANCHO, AGORA SÓ FALTA AQUELA DO ÓVNI QUE BAIXOU EM SUA FRENTE NA MADRUGADA JATAIENSE, FAZENDO VC COLIDIR EM UMA ÁRVORE QUE ATRAVESSAVA A RUA.HAHAHAHAHA.
BOA TESTA..

9/22/2006 5:25 AM  
Anonymous Anonymous said...

Mas que maldição! não havia ovni algum... era um gol branco! tudo bem que ele estava sendo pilotado pelo Capitão Gancho, mas que era um gol branco era... hehehe valew!!!!

9/22/2006 6:58 AM  

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