Wednesday, June 13, 2007

E o vagabundo esmola pela rua...

Trabalho como voluntário no exército da salvação. O trabalho lá é sério, bem feito. Digno de nota. Recentemente começamos duas campanhas. Uma no instituto onde realizo minhas atividades e outra numa escola onde dou algumas aulas. As campanhas eram para a doação de alimentos não perecíveis e agasalhos.

Na referida escola, a campanha, por alguns motivos incompreensíveis à minha cabeça tacanha, teve de ser pautada mais no boca a boca. Lá, a campanha restringiu-se a alimentos. Esses alimentos doados, são levados por mim até a sede do projeto e lá é redestribuido em casas de famílias cujas crianças voltaram ao lar. Notemos bem, as crianças, antes na rua, são reintegradas ao lar e o acompanhamento é feito pelo projeto. Dessa maneira, os alimentos doados são colocados numa sesta básica que é entregue à familia uma vez por mês. Em muitos casos, a grande maioria na verdade, essas famílias são miseráveis. Paupérrimas. Vivem em condições muitíssimo precárias. Algumas vezes os pais trabalham, pegam lixo na rua, fazem bico, dão um jeito de obter algum dinheiro.

E dai? Dai que a coisa funciona assim: eu, um rapaz geralmente apresentável, minimamente asseado, alimentado, enfim aceito pelo padrão social, esmolo alimentos pessoa por pessoa (igualmente aceitas socialmente) na escola. Ganho os alimentos, levo-os para o projeto e lá os alimentos são levados para as famílias. Entretanto, se um pai de família beneficiado com o projeto for esmolar diretamente, sem intermediários, certamente não conseguirá nada. Ou, se conseguir, será em quantidade muito menor. Entratanto o fim último é o mesmo, isto é, que ele e sua família comam. Mas se ele, sujo, mal vestido, mal alimentado, esmolar, nada feito... é vagabundo.

Esse é um fenômeno curioso. Novamente, minha cabeça tacanha não entende.

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